Ao completar seis meses, o governo Bolsonaro tem razão para comemorar o acordo de livre comércio celebrado entre o Mercosul e a União Europeia, classificando-o de “histórico” e acrescentando: “Prometi que faria comércio com todo o mundo, sem viés ideológico. Não foi retórica vazia de campanha, típica da velha política. Vamos mudar o Brasil pra melhor”.
De fato, o Ministério da Economia estima que haverá um incremento de nosso PIB em US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões. Calcula-se que nesse período o aumento de investimentos no país chegue a US$ 113 bilhões, enquanto as exportações para a UE devem crescer cerca de US$ 100 bilhões até 2035.
Bolsonaro aproveitou a presença no encontro do G-20 para começar falando grosso com os representantes dos países mais críticos aos desmandos da política ambiental do Brasil — Alemanha e França —, mas acabou fazendo concessões e se dispôs a obedecer às exigências do texto, que incluem proteção ao meio ambiente e respeito aos direitos das populações indígenas.
“A garantia dada por Bolsonaro”, declarou Macron, “foi chave para o entendimento entre Mercosul e União Europeia. A verdadeira mudança na fase final de negociação foi a afirmação clara pela qual o Brasil se comprometeu com o Acordo de Paris e na luta pela biodiversidade.”
Por sua vez, o presidente brasileiro fez um gesto de cortesia ao seu colega: “Eu o convidei para conhecer a Região Amazônica. A gente poderia voar numa altura mais baixa para ele ver que não existe o desmatamento tão propalado”. Não sei se foi uma boa ideia. Ao chegar, Bolsonaro foi recebido por uma péssima notícia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, anunciou o resultado dos últimos monitoramentos.