Os governadores do Nordeste reiteradamente se posicionaram contra a reforma da Previdência. Todos, sem exceção, ressoam a posição das urnas de oposição ao governo Bolsonaro.
Sem consenso, o relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), tirou estados e municípios do texto.
Agora, os governadores estão em Brasília há dois dias brigando para incluir seus respectivos estados na reforma da qual discordam, jogam pragas e sugerem alterações. Uma notória e irônica contradição.
Buscam em reuniões com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre um consenso com os líderes partidários, que até agora não avançou.
Propositada ou coincidentemente, o Planalto inverteu o jogo.
Governadores discordam de pontos da reforma, mas não querem nos seus estados assumir o encargo de fazer as mudanças na aposentadoria para ajustar os déficits de suas previdências estaduais.
Em Brasília, fica mais fácil estufar o peito e botar gosto ruim.
O relator da matéria deu a eles o que pediram. Excetuou estados e municípios e deixou todos à cavalheira.
Agora, emparedados, querem sair das cordas, conquistar alterações que garantam sobrevida aos regimes próprios e ainda garantir receitas extras. Mas nada de colocar as próprias digitais. Melhor tudo na conta do governo federal.
Os governadores, sobretudo os oposicionistas do Nordeste, querem o bônus da reforma sem botar o pescoço nos ônus.
Caiu a ficha. E o teatro também.