Tão importante quanto apurar, com rigor, as mensagens entre o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol é investigar e descobrir a autoria da invasão ao celular das duas autoridades.
Há suspeitas, com boas motivações, para crer que o material divulgado pelo site The Intercept seja produto de um crime tipificado pelas leis brasileiras. O que não diminui a gravidade do conteúdo revelado.
Se verificada a origem criminosa do material, há outro ponto a ser esclarecido: o veículo tinha conhecimento da forma marginal como fora obtido o subsídio que serviu para embasar a reportagem?
Terceiro ponto a ser esclarecido: a quem serviam os eventuais invasores e agiam a mando de quem?
São perguntas que fazem todo o sentido especialmente no ambiente do hercúleo esforço para frear e parar os desdobramentos da Lava Jato, sabidamente a maior operação contra a corrupção no Brasil.
Poderosos se articulam há anos para calar a força-tarefa. Romero Jucá, com sua frase grampeada (olha o grampo aí de novo!), celebrizou esse sentimento. O poder político de Brasília sempre quis “estancar” o trabalho de procuradores e juízes do caso.
Não por preocupação pelas finanças e quebradeira de grandes construtoras e prejuízos à economia. A maioria, para poupar a própria pele, os currículos e os lucros com a ramificação de seus interesses em estatais e grupos privados.
À propósito, com o advento de Bolsonaro na Presidência e a decisão de Moro largar Curitiba por um cargo na Esplanada, a Lava Jato vem perdendo protagonismo e se enfraquecendo gradualmente.
Seria, então, o caso de se perguntar: não é muito tempo sem operação?