Quando o neto passava por alguma situação de contrariedade, Dona Nuita, minha saudosa vó-mãe, com a sabedoria peculiar aos mais velhos, dizia na maior serenidade do mundo: “Meu filho, não tem um mal que não traga um bem”.
Lembrei desse ensinamento tão logo soube da notícia do cancelamento do show da cantora Ivete Sangalo. Ela abriria o São João de Campina Grande, hoje.
À repetição de todos os últimos anos, atrações como a da reconhecida artista baiana suscitam questionamentos dos defensores do forró na festa e muita polêmica.
Por motivo pessoal e familiar, Ivete escolheu se ausentar da festa para cuidar de uma filha enferma. E fez certo. Deixou a artista de lado para fazer pela cria o que só uma mãe pode.
O mal que se abateu sobre Ivete e levou ao cancelamento da sua apresentação trouxe ao palco Santana, o cantador, um dos cantores mais identificados com a música nordestina de raiz.
Além de músico devotado ao forró legítimo, Santanna é um apaixonado pela Paraíba. Já vi esse cearense de Juazeiro do Norte ir às lágrimas ao cantar a preciosa Jóia Rara, do inspirado Tom Oliveira, e declamar todo seu amor pelas terras paraibanas.
E será ele, com direito a participação especial de Flávio José, o acorde que dará o tom da maior festa popular do Nordeste, a mais emblemática expressão cultural paraibana para o mundo.
O espírito de Luiz Gonzaga, um Deus do nosso forró, conspirou.
De onde estiver, o rei do baião repetirá dona Nuita: não tem um mal que não traga um bem. E forró faz um bem maior do mundo a uma festa de São João!