É claro que você preferiria ignorar o Neymar, se não gosta de futebol, ou falar só sobre o talento extraordinário dele, se gosta do esporte. Mas ele não deixa. Trata-se de um personagem típico do fenômeno da “evasão de privacidade” ─ conforme definição precisa do humorista Tutty Vasques. Por menos que você deseje, a intimidade do rapaz acaba batendo à sua porta.
Um dos esportistas mais célebres e bem pagos do mundo, lá do seu reinado francês, apaixonou-se por WhatsApp, ou achou que se apaixonou por WhatsApp ─ ou foi pelo Instagram? ─, ou se encantou irresistivelmente por alguém que ele nunca vira, a ponto de importar esse suposto amor do Brasil com tudo pago. Mais uma vez, vale lembrar que isso é problema dele ─ ou deveria ser, se você que estava aí quieto no seu canto tivesse escolha.
Mas você não tem ─ e as aventuras barrocas do menino Ney o chegarão, inexoravelmente, por todos os lados, todas as mídias, todos os ubers. E dessa vez, antes que você pudesse tentar blindar o assunto, ele já estava aberto e exposto na sua tela ─ em imagens de anatomia humana e textos de poética desumana ─ em mais um ato exuberante de evasão de privacidade, agora operado pelo próprio jogador, que se sentiu vítima de chantagem e achou melhor jogar logo tudo no ventilador. A melhor defesa é o ataque.
O ex-futuro melhor do mundo e atual meme ambulante, cuja jogada mais famosa é o rolamento na Copa da Rússia multiplicado alegre e infinitamente pelos computadores mundo afora, agora veio mostrar como fazer de Paris o lugar menos romântico do mundo. Como transformar sedução em mal-entendido. Como elevar a libido à categoria de fake news. E você achando que soco na cara de torcedor francês era insuperável.
Chegando ao treino da seleção brasileira, Neymar levou um drible desconcertante, por debaixo das pernas, de um jogador sub-20. Agarrou o garoto pela camisa e o jogou no chão. Cada um lava sua honra como pode.