O ditado é velho, mas sua eficácia é atemporal. Só há confronto quando os dois pólos de uma contenda assim o querem.
Durante maio quase inteiro, era o mal que fez o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo andarem em descompasso.
Declarações ácidas de um lado, gestos de revide do outro, críticas de alas do PSB e falta de sintonia em temas comuns provocaram frisson na base aliada, preocupação entre aliados dos dois e certa torcida da oposição e até de setores governistas.
A aparição “surpresa” de Ricardo e João, juntos, ontem, no simbólico Orçamento Democrático de João Pessoa, com direito a discursos e palavras de unidade, de parte a parte, superou um mês do stress que deu margem para elucubrações na imprensa e no reino da política.
Independente de intermediários e pacificadores, eles próprios, no fundo, sabem que uma eventual ruptura seria semelhante a uma colisão frontal de veículos. Ninguém estaria a salvo das avarias.
A dúvida é só uma. Quem soltou a corda esticada? Ricardo? João? Dá pra arriscar: ambos.
Ricardo não abre mão do seu estilo e do seu papel político, mesmo fora do governo. João já deu mostras suficientes: não abdica de conduzir a gestão e a política ao seu modo. Em vez de repelir, os dois podem se completar. Cada um no seu quadrado e habilidade.
Pragmaticamente, um precisa do outro. João da força política e prestígio eleitoral de Ricardo. Coutinho da argamassa do governo para seus projetos vindouros. Essa elementar constatação política deve ter pesado e colaborado ao encaminhamento dado ontem.
Pelo clima asfixiante de outrora, respira-se aliviado no governo. Ninguém precisará passar pelo desconforto e agonia da escolha, entre um e outro, em tão pouco tempo.
Doravante, defensores e beneficiários da unidade, sobretudo da cúpula do PSB, devem rezar e contribuir para que, a cada novo impasse, os dois continuem comungado e praticando o velho adágio pelos próximos meses e anos.