Mas fazer piada velha, sem graça e machista sobre as supostas dimensões penianas dos japoneses, às vésperas de uma viagem oficial a Osaka, francamente, é o tiozão se torrando num churrasco.
O turista japonês riu e repetiu o gesto, mas o tiozão não entendeu que ele se referia ao PIB brasileiro. Ou à nossa educação e civilização. Ou à nossa indústria e tecnologia. Ou à saúde, Previdência e segurança pública. Ou, como o Professor Raimundo, aos nossos salários em relação aos deles. Ou a quase tudo no Brasil em comparação com o Japão.
Com um conjunto de ilhas pedregosas que, juntas, são menores do que Goiás, sem petróleo, sem minérios, sem terras agriculturáveis, sem recursos naturais, o Japão se tornou a terceira maior economia do mundo, mas o Brasil, bem dotado por natureza de tudo o que um país pode desejar, perde longe em potência para os japoneses.
O japa poderia ter feito aquele gesto cafajeste com as mãos estendidas, à la Paulo Silvino, dizendo “ah como era graaande”, mas foi educado. Tanto em pênis como em países, o tamanho importa menos do que o que se faz com ele.
É meio bizarra essa fixação do tiozão em temas sexuais, virilidade, macheza, homossexualidade; vive falando em “abraço hétero”, como se alguém duvidasse não sê-lo, convida os turistas a comerem nossas mulheres, mas não admite que eles transem com homens, sem definir se as lésbicas estão liberadas, se o bissexualismo é permitido, e como seriam feitos esses controles. Teste da farinha no aeroporto!, zurram no churrasco. Enquanto isso, países que já recebem dez vezes mais turistas que o Brasil disputam a tapa o rico mercado do turismo gay.
Seria cômico, se não fosse trágico. Mas um trágico tosco e constrangedor. O problema é que as piadas do tiozão ajudam o seu governo a virar churrasco.
O Globo