Difícil pedir coerência a um governo que vai e vem com velocidade e recorrência nunca antes vista na história, para citar o bordão que já esteve mais em moda em tempo recente.
Nunca é demais identificar e constatar. Ao menos para efeito didático e reflexivo. Reflexão, aliás, é um processo também fora de moda nessa Era do Grito, ou de “balbúrdia”, como diria nosso atual presidente.
Pois vem dele o topo das incoerências. Basta citar parte delas. Algumas já foram elencadas aqui em artigo anterior.
O pacto expõe a maior, mas não a única.
Nele, sorridentes nas andanças pelo Palácio da Alvorada, Bolsonaro e os presidentes dos poderes, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Todos alvos, horas anteriores, dos protestos das ruas, no dia 26, incitados pelo próprio Jair.
Outra. O presidente desanca o Centrão, o agrupamento que derrubou Dilma, que votou com ele no segundo turno, arrebatou, com o apoio informal do governo, o comando da Câmara e do Senado.
Bolsonaro esculhamba com a velha política. Seu líder do governo é o senador pernambucano, Fernando Bezerra. Adivinhe de qual partido? Do MDB, que não é sinônimo de nada novo em matéria de política.
Bolsonaro defende justiça e rigor contra corruptos. O filho, Flávio, corre da investigação do MP do Rio de Janeiro como o vampiro do sol.
O presidente deu a Sérgio Moro o controle do COAF. Foi o dito COAF, que já caiu das mãos do ex-juiz, quem identificou as operações suspeitas de Queiroz.
Agora, Bolsonaro ensaia flerte e paz e amor com Dias Toffoli.
O presidente acha, sinceramente, que o magistrado está interessado em apoiar o pacote anticrime, do ministro Moro?
Nem precisar esforço para lembrar. Toffoli é aquele, como se sabe, que diligentemente trabalha no STF para diminuir a Lava Jato, a que levou Moro a virar o chefe de um ministério (anticorrupção) cada vez mais esvaziado.
Aliás, Toffoli é investigado nela na história do “Amigo do amigo do meu pai”, cuja reportagem mereceu censura judicial sob sua inspiração. Censura que Bolsonaro censurou.