O PSB se reúne hoje, no fim da tarde, com o governador João Azevedo, uma semana depois de realizar reunião fechada de avaliação crítica e política da gestão.
Pelo desenho dos bastidores, o encontro promete. A comitiva socialista, designada para “dialogar” com João, vai armada até os dentes.
Oficialmente, a pauta é de estruturação partidária e avaliação da conjuntura nacional. Na vera, o conteúdo vai além.
O partido advoga outra postura de João em temas mais complexos, que vão desde a saída de secretários aos espaços de aliados no governo.
Antes de ir até Azevêdo, porém, o PSB precisa interrogar a si mesmo sobre o propósito real desse ensaio de “enquadramento”.
Onde João erra? Qual programa deixado por Ricardo Coutinho o atual governo acabou? Qual obra iniciada pelo governo anterior o sucessor abandonou?
Empreender, OD, Gira Mundo, Prima, entre outros, continuam intactos.
O que o partido quer mais de um governador que praticamente nomeou, por lealdade, o mesmo secretariado, sem constrangimento?
Não é o “projeto” que unifica o PSB e o governo? O que está faltando, então? João precisa se auto-anular enquanto governante? Deve ele encarnar outro figurino e temperamento que não é seu? Tem que incorporar o espírito mais combativo e ir pra cima da Operação Calvário?
Quando escolheu João, o partido sabia de seu temperamento e perfil diferenciado e destoante do estilo peculiar de Ricardo Coutinho, que ninguém copia.
Foi nesse João – comedido, discreto e ponderado – que o Jardim Girassol apostou e a maioria dos paraibanos votou. E dificilmente será agora, depois dos 60 anos, que ele tomará por empréstimo outra personalidade.
Antes de olhar no olho do governador, hoje, o PSB deve pensar numa coisa: é um erro tentar tratar João como Luciano Agra.
Um herdou, por gravidade, a Prefeitura de João Pessoa. O outro foi aos debates e as urnas e, representando o modelo de gestão de Ricardo Coutinho, conquistou confiança e votos.
Essa é uma grande diferença.