Nas comissões, no plenário, na tribuna, nos olhares, nas palavras, nas entrevistas… Nem precisa um olhar mais atento, uma leitura mais acurada, uma interpretação mais elaborada para enxergar: o clima na base governista na Assembleia Legislativa é de alta tensão.
Frequentemente, deputados, antes bons aliados e amigos, se estranham, trocam alfinetadas. Nos bastidores, a competição nas comissões é intensa. As insatisfações também. Como a que levou o deputado Buba Germano a jogar a toalha da Comissão de Orçamento.
Muito desse ambiente insalubre se explica pela indigestão, ainda não superada, da conturbada e traumática eleição da Assembleia, quando um grupo deputados dissidentes ousaram divergir da orientação palaciana e elegeu e reelegeu, antecipadamente, Adriano Galdino, conferindo-lhe superpoderes.
De lá pra cá, as consequências. Uma – a mais ruidosa e latejante – atende pelo nome de G10, o grupo paragovernista que tem influência na pauta, nas votações e nas decisões, e sem o qual o governo tem dificuldades de aprovar até matérias simples. A ascensão do G10 provoca frisson e insatisfação na ala governista mais ortodoxa.
Para completar, a incógnita da Operação Calvário produziu uma nuvem de interrogação entre alguns parlamentares. Não se sabe até que ponto ela pode comprometer um ou outro deputado, ou deputada. O resultado inflamável é uma cortina de fumaça capaz de mexer com os nervos e os humores de parlamentares.
Um clima que pode induzir a Mesa Diretora à receita de duas prováveis providências. Para uns, coisa de doses diárias de Maracugina. Para outros, só Rivotril aplaca os ânimos.