Por ter afirmado na véspera que o guru da família presidencial presta um desserviço ao país, Villas Bôas foi reduzido pelo revide de Olavo a “um doente numa cadeira de rodas”, usado como escudo por Hamilton Mourão e Santos Cruz. Nem Mourão nem Santos Cruz — que em missão no Congo participou de combates reais, não de escaramuças de internet —- precisam de biombos. O disparo alcançou também o general Augusto Heleno, que encarregou Villas Bôas de coordenar projetos ligados à educação.
Vítima de uma doença degenerativa, Villas Bôas continua exibindo a mesma lucidez exibida enquanto comandou o Exército, de 2015 a janeiro deste ano. Ele é mais que um oficial da reserva alinhado ao presidente da República. Segundo o próprio Jair Bolsonaro, Villas Bôas teve uma participação fundamental na caminhada que o levou ao Palácio do Planalto. O capitão e o general dividem segredos de tão grosso calibre que Bolsonaro prefere leva-los para o túmulo.
Por tudo isso e muito mais, o presidente precisa encerrar imediatamente a guerra que opõe partidários de Olavo, entre os quais figuram seus filhos, a militares submetidos a bombardeios verbais que acabam de ultrapassar os limites do suportável. O conflito desta vez não será resolvido com declarações que distribuem afagos a todos os envolvidos no tiroteio. Bolsonaro terá de dizer claramente se subscreve o tuíte de Olavo ou condena o ataque pelas costas sofrido por Villas Bôas, que feriu também Augusto Heleno.
Bolsonaro precisa mostrar sem rodeios com qual dos blocos se alinha. Ou está com os atacantes ou está com os agredidos.
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