Nem por isso se deve considerar fracassada a reentrada em cena da oposição venezuelana, sobretudo porque a reação de Maduro confirmou que, se seus inimigos ainda não estão a um passo do palácio Miraflores, o regime que chefia chegou ao estado terminal. O enfraquecimento acelerado da ditadura foi escancarado pela permanência de Guaidó em liberdade, pela virtual revogação da pena de 14 anos de prisão imposta ao líder oposicionista Leopoldo López, e pela troca das habituais retaliações selvagens promovidas pela Guarda Nacional Bolivariana ─ as milícias de Maduro ─ por propostas de diálogo formuladas tarde demais.
Para que a democracia venezuelana ressuscite, são essenciais a unidade das correntes oposicionistas, que até agora só se juntam na cadeia, a intensificação das pressões políticas econômicas dos países que prezam a liberdade e a continuação do esforço conjunto para neutralizar e quebrar a aliança entre cardeais do chavismo e militares corruptos. A maioria do povo venezuelano já compreendeu que a vigarice chavista logo será transformada num desolador capítulo do passado. Precisa acreditar, agora, que os opositores de Maduro saberão construir um futuro menos infeliz.