Planalto vira a casa de mãe Joana. Por Ricardo Noblat – Heron Cid
Bastidores

Planalto vira a casa de mãe Joana. Por Ricardo Noblat

1 de abril de 2019 às 10h30 Por Heron Cid

A seguir desvairado como ele só, o presidente Jair Bolsonaro apressa a chegada do dia em que governará apenas seus seguidores nas redes sociais. São muitos, por ora quase 4 milhões, mesmo assim uma titica se comparados com os 57, 8 milhões de brasileiros que o elegeram em 28 de outubro último.

Bolsonaro causou quando mandou as Forças Armadas comemorarem mais um aniversário do golpe militar que implantou a ditadura de 64. Foi sua decisão mais criticada até aqui. Causou novamente, ou deixou que causassem por ele, quando uma conta oficial do governo no Twitter postou um vídeo exaltando o golpe.

Nunca antes na história do país desde o fim da ditadura algo de parecido acontecera. E com um agravante: em nota, o governo reconheceu que o vídeo foi postado em uma de suas contas, mas não soube dizer, ou não quis dizer, quem o produziu, quem postou e por ordem de quem. O Palácio do Planalto virou a casa da Mãe Joana.

Seria o caso de abrir-se um inquérito para apurar os responsáveis pelo episódio. A segurança nacional está em risco. O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete Institucional da presidência da República, deveria pôr a Agência Brasileira de Inteligência para investigar. Ou se ela não for capaz, dar a tarefa à Polícia Federal.

No mínimo, há um infiltrado no palácio, com acesso a senhas das contas da presidência, que se agora postou um vídeo sem autorização dos escalões superiores, amanhã poderá fazer coisas piores. O infiltrado tem de ser descoberto e preso se for o caso. Ou descoberto e demitido. Ou descoberto, demitido e processado.

Bolsonaro não foi eleito para fazer o que quiser. Seus auxiliares não foram eleitos, salvo o vice. Não deve perder de vista que dos 147,3 milhões de eleitores aptos a votar nas eleições passadas, apenas cerca de 39,2% votaram nele. Ao todo, 31,3 milhões não compareceram às urnas, o equivalente a 21,3% do total de eleitores.

A legitimidade de sua eleição é inquestionável. Mas a da eleição e da reeleição presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014 também foi inquestionável e, no entanto, ela não conseguiu concluir seu segundo mandato. As pedaladas fiscais serviram de desculpa para derrubá-la. Ela caiu, de fato, porque perdeu as mínimas condições para governar.

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