Sabe-se que a grave deterioração das finanças federais pode minar o futuro do governo Bolsonaro e do país. É preciso agir para estabilizar e depois reverter a trajetória da relação dívida pública/PIB, que caminha para ultrapassar a marca de 100%, em poucos anos.
Estudos mostram que em tal situação os investidores em títulos do Tesouro perdem a confiança na capacidade do governo de pagar sua dívida. O decorrente colapso fiscal acarreta sério desequilíbrio macroeconômico e retira do Banco Central a capacidade de coordenar e ancorar expectativas. O efeito é a perda do controle da inflação.
O instrumento para evitar essa calamidade é a reforma da Previdência, como proposta pela competente equipe econômica. Isso permitirá que aquela relação, hoje em 77% do PIB, se estabilize em poucos anos e inicie em seguida uma trajetória de declínio.
A reforma exige um governo preparado para negociar com o Congresso e obter sua aprovação, mas o presidente não se tem mostrado à altura do desafio. Sua recusa em formar uma coalizão partidária é talvez o maior risco do projeto. Negociações políticas não se fazem com frentes parlamentares e sim com partidos políticos. Parlamentares não se movem por apelos patrióticos, mas sob a influência de mecanismos que promovam a coesão e a coordenação de seus votos.
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