Em uma semana, a Paraíba assistiu ao que antes só era possível na imaginação. E dos enredos mais férteis e criativos. Numa só tacada, as prisões de uma importante secretária de Estado e do mais badalado empresário que se tem notícia por estas bandas.
Se a prisão do ex-presidente Michel Temer colocou Brasília em polvorosa, o encarceramento de Livânia Farias e Roberto Santiago deixou o ambiente político paraibano em processo de anestesia. Para alguns, quase inóspito pelo potencial de asfixia e poluição.
Por que? Os dois casos têm inevitáveis conexões com o mundo da política e da administração pública. De um lado, Livânia e o seu papel informal de operacional em campanhas majoritárias. Do outro, Santiago – pelo seu tamanho e influência econômica – e sua conhecida perfomance de doador-contribuinte em eleições seguidas. Um pelo exército governista. Outro mais no espectro da oposição. Ou seja, os dois lados de luz amarela ligada.
Ambos já exerceram – cada um ao seu modo e praia – influência no mundo do poder e dos negócios, respectivamente. Duas atmosferas que aqui e e alhures sempre dialogam com ramificações embricadas.
As prisões de duas notórias personagens se revestem de um efeito pedagógico e paradigmático. Depois delas, na roda do poder, não se duvida de mais nada. E nem de presumidas consequências num raio que vidente ou analista nenhum são capazes de prever.
Por tudo isso, o clima é de tensionamento e nervos à flor da pele. Os fatos – num intervalo de sete dias – provocaram um ruidoso curto-circuito no universo paraibano. A política partidária, especialmente, está em choque. Mas não só ela.