No total, 1.004 jovens britânicos de 14 ou 15 anos e um igual número de responsáveis participaram do estudo, publicado pela Royal Society Open Science. Primeiro, os jovens responderam a perguntas sobre seus hábitos, como, por exemplo, quanto tempo passavam jogando games violentos. Depois, foi a vez de os pais relatarem o comportamento dos filhos, se tinham brigado, feito bullying , eram solitários, tinham amigos etc.
Os próprios pesquisadores admitem que culpar os jogos é uma teoria tentadora. O Modelo Geral de Agressão, teoria social pela qual a exposição repetida a informações violentas aumenta a probabilidade de esquemas, emoções e comportamentos cognitivos agressivos, explicaria a violência associada aos games. Mas os resultados não corroboram a hipótese.
Seja pelos próprios relatos ou o depoimento dos pais, adolescentes fãs de videogames violentos não eram mais agressivos nem tinham mais problemas emocionais do que os praticantes de jogos não violentos. Isso não quer dizer que a mecânica dos games não possa provocar reações de raiva. Mas xingar, ser competitivo e tirar sarro dos outros jogadores é bem diferente de pegar uma arma e sair atirando por aí.
O trabalho não é o único a chegar a essa conclusão. Estudos anteriores, realizados por pesquisadores da Suécia e da Austrália, bem como da American Psychological Association, já haviam determinado a falta de provas de que o comportamento agressivo está ligado aos games. Além disso, a Suprema Corte dos Estados Unidos também decidiu a respeito em 2011, quando se recusou a proibir a venda de videogames a menores de idade.
No meio de uma tragédia como a de Suzano, é normal procurar respostas. A preocupação dos pais é válida, mas não há evidências de que jogos violentos tenham relação com comportamento violento.
O Globo