É do jogo democrático as estratégias legislativas para conter os movimentos dos adversários. Faz parte da guerra de forças políticas em plenário.
Mas o que a bancada governista precisou fazer na Assembleia Legislativa da Paraíba para imobilizar a possibilidade de instalação da CPI da Cruz Vermelha é de um vazio de causar espécie.
Deputados, incluindo as qualificadas Estela Bezerra e Cida Ramos, tiveram que se submeter ao triste encaminhamento de pedidos de CPIS paralelas.
Temas como a homofobia e o feminicídio, caros às parlamentares forjadas na luta por igualdade, contra preconceitos e violência sofridas por minorias, foram reduzidos à mero objeto de disputa e álibi da luta política.
Minoria e em processo de desidratação, a oposição sequer amealhou as doze assinaturas regimentais. Dissidente como Manoel Ludgério é contra a CPI. Caio Roberto não está convencido e ainda se recusa a rubricar o pedido.
Maioria absoluta e com poder de fogo, a bancada governista deveria ter investido no argumento, na palavra, nos dados favoráveis à gestão pactuada, nas providências adotadas pelo Governo, como a intervenção.
E agido nos bastidores exatamente para evitar surpresas com assinaturas de parlamentares da própria base.
Não. Preferiu o caminho fácil, manjado e ultrapassado da manobra rasa, politicamente frágil e socialmente repelido.
Repito: do ponto de vista do embate interno de forças, é até legítimo. Ao olhar externo, a mensagem transmitida não é das melhores.
A bancada poderia ter iniciado esse debate maior e sem medo do confronto das ideias. Entretanto, começou botando suas qualidades do verbo e da palavra rente ao tapete do plenário da Casa.