Aconteceu o que médicos craques no assunto haviam previsto sob a condição de não serem identificados para não arranjar confusão.
Não fez bem ao capitão a pressa em reassumir a presidência da República ainda no leito de hospital onde se recupera de cirurgia.
Era para Bolsonaro deixar amanhã o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ou, no máximo, na quinta-feira.
Se tudo correr bem até lá, a alta só lhe será concedida na próxima segunda-feira. Rezem por ele, como pediu seu filho Carlos.
Ninguém que passou pelo que ele passou teria ido tão cedo para casa como foi depois de duas cirurgias em menos de 15 dias.
Mas haveria a terceira para a retirada da bolsa de colostomia. Que só agora foi feita para não atrapalhar sua agenda política.
Montou-se então às pressas uma unidade hospitalar na casa do capitão no Rio. E de lá ele continuou sua campanha a presidente.
Uma vez eleito, adiou-se a terceira cirurgia para que ele pudesse organizar o seu governo e, por fim, tomar posse.
Adiou-se mais uma vez para que voasse ao Fórum Mundial de Davos onde pagou o inesquecível mico do discurso de 6 minutos.
Para livra-se do protagonismo do general Hamilton Mourão, Bolsonaro só o deixou no cargo de presidente em exercício durante dois dias.
Anunciou-se que 48 horas depois Bolsonaro começaria a despachar. Encenou-se o despacho com um assessor da Casa Civil.
Ao encenar-se outro, desta vez por videoconferência com o general Augusto Heleno, os médicos intervieram. Basta!
Proibiram Bolsonaro de falar para não acumular gases. Proibiram de ver televisão. Reduziram as visitas ao mínimo.
Por isso ou por aquilo outro, ele apresentou sintomas de infecção e está sendo tratado à base de antibióticos. Não está descartada uma quarta cirurgia, conforme admitiu seu porta-voz.
O poder é algo tão inebriante que os poderosos preferem muitas vezes pôr a vida em risco a abrir mão dele mesmo que temporariamente.
A história está repleta de exemplos disso por aqui. Foi assim com o ex-ministro da Justiça Petrônio Portela em janeiro de 1980. Ele escondeu que era cardíaco.
Foi assim também com o presidente Tancredo Neves em 1985. Para tomar posse, ele escondeu a infecção intestinal que o mataria.
Que o capitão tenha melhor sorte. Creio que é o desejo de todos, independentemente de ideologia, religião e demais diferenças.
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