(BRASÍLIA) – As principais mentes da esquerda na atualidade no Brasil estiveram juntas, na tarde e noite de hoje em Brasília. O lançamento do Observatório da Democracia, uma espécie de fórum de debate dos setores progressistas, foi coordenado e conduzido pelo ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB).
Presidente da Fundação João Mangabeira, Coutinho conseguiu juntar, no mesmo metro quadrado do Centro de Convenções Brasil 21, mais cinco fundações ligadas ao PT, PSOL, PSB, PDT, PCdoB e Solidariedade.
Um debate marcado por contraponto ao governo do presidente Jair Bolsonaro, retratado em falas inflamadas como a representação do retrocesso e subproduto do “golpe”, como os chamados setores progressistas costumam alcunhar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma.
No geral, discursos de exortação à “resistência”, ameaças ao Estado de Direito, liberdades políticas em risco, enfrentamento à “ultra direita” e outros chavões típicos do enfrentamento puxado pela esquerda no contraponto aos setores majoritários das urnas de 2018.
O pronunciamento do paraibano fugiu à regra. Ricardo Coutinho trouxe, notadamente, conteúdo de reflexão mais profunda e programática. Elevou o nível da discussão com elementos críticos. O que ficou explícito quando fugiu da cantilena e convocou esse campo político a sair da defensiva e ocupar uma postura ofensiva.
Não disse, mas estava nas entrelinhas sabotando a invocação já piegas da “resistência” e do “Lula Livre”, inócuos na leitura do mundo real e pragmático da realidade posta. Defendeu que o objetivo comum é o de oferecer luzes num “período de trevas”. Um diálogo direto com as massas no convencimento, via ideias, a impulsionar e gerar um novo ciclo.
Circundado de próceres como Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, Guilherme Boulos, ex-candidato à Presidência do PSOL, Benedita da Silva (PT), ex-governadora do Rio de Janeiro, Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, entre outros, Ricardo soube pontuar e se diferenciar, o que ficou captado pelo Blog, presente ao evento, no feedback da plateia formada por militantes e pensadores de várias partes do Brasil.
Com Lula preso, Zé Dirceu abatido e uma carência de novas lideranças com estatura para assumir os grandes debates, pelo viés progressista, Coutinho vai assumindo ocupação gradativa. E tem dados passos largos nesse caminho. No Observatório da Democracia, Ricardo marca ponto no olho da cena da esquerda.