Arnóbio Alves Viana é um amante da poesia. Afeiçoou-se da arte ainda no ginásio por incentivo de um professor na sua Solânea, cidade que mais tarde lhe daria o troféu de prefeito com precoces 24 anos de idade.
Declamador de versos e autor de poemas guardados e apresentados a poucos e íntimos, o novo presidente do TCE não é menos intrépido na prosa.
Orador inflamado nos palanques do passado, não esmorece hoje quando precisa falar do seu ofício de conselheiro e externar o pensamento sobre polêmicas contemporâneas.
Frente a Frente comigo, ontem, na TV Arapuan, em sua primeira entrevista após a eleição e posse no TCE, de onde já fora presidente de 2007 a 2008, Viana deu sinais da marca que a Paraíba pode esperar de sua nova passagem pelo comando do Tribunal.
Questionado a respeito do modelo atual de composição dos tribunais, Arnóbio considerou “envelhecida” a fórmula que levou a si mesmo, em 1995, à Corte da qual hoje é o decano.
Previu que o critério da escolha de nomeação oriunda da vontade do Executivo e do Legislativo não prospera mais. Em outra palavras, tribunais não escaparão, mais cedo ou mais tarde, da profecia de Belchior, em seu célebre verso “O novo sempre vem”.
Condenou, sem hesitação, o processo de reeleição e defendeu a “renovação de valores”. A política, ao seu sentir, não deve ser palco de carreirismo, mas de contribuição cidadã.
Indicou que perpetrará uma aproximação dos poderes locais, especialmente das Câmaras Municipais, resgatando nelas o papel de fiscalização do ordenamento urbano, do Estatuto das Cidades e dos debates mais latentes de cada povo.
Nesse quesito, está disposto a buscar parcerias com entidades para viabilizar um Consórcio capaz de garantir assistência e orientação gratuitas a pessoas de baixa renda para projetos arquitetônicos de residências populares. Uma meta para combater a autoconstrução que enfeia cidades e atropela regras de construção ordenada, planejada e sustentável. Traduzindo: projeto para casa de pobre. E por que, não?
Viana apresenta uma preocupação e olhar especial sobre a eficiência do gasto público. Citou, como exemplo, kits de informática comprados pelo Estado para alunos da Educação. Até onde o Tribunal tem notícia, grande contingente sequer saiu dos almoxarifados e, portanto, não atendeu a finalidade do alto investimento.
Dá pra sentir que gestores e credores encontrarão no novo presidente do TCE um servidor com uma filosofia clara sobre a aplicação do dinheiro público: “Não basta a comprovação, ao Tribunal interessa a eficiência da despesa”.
Um recado que o conselheiro – amante da poesia – parece empenhado em deixar logo na chegada. Em verso ou prosa, é aconselhável que todos não demorem a entender a mensagem.