As palavras e os gestos públicos não deixam dúvida: Brasília embarcou numa nova era de culto à personalidade do presidente.
No primeiro dia útil do governo, ministros e assessores parecem disputar um campeonato de bajulação.
“O mito brasileiro tem nome: Jair Messias Bolsonaro”, desmanchou-se o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Em solenidade no Planalto, o ministro interrompeu o próprio discurso para pedir uma salva de palmas ao chefe.
Sem constrangimento, ele descreveu o capitão reformado como “o homem que trouxe de volta a esperança verde e amarela”.
“Bolsonaro foi chamado por Deus e escolhido pelo povo”, exaltou.
O ministro Gustavo Bebianno, que assumiu a Secretaria-Geral da Presidência, referiu-se ao presidente como “nosso comandante”.
Ao se levantar, fez questão de prestar continência diante das câmeras. Ele e Onyx imitaram Bolsonaro ao ouvir o hino nacional com a mão no peito, à moda americana.
Os generais Augusto Heleno e Santos Cruz, que assumiram ministérios na mesma cerimônia, dispensaram a patriotada.
VERDE-OLIVA
Os ministros que se despediram do poder com Michel Temer também se esforçaram para agradar o novo inquilino do Planalto.
O pastor e deputado Ronaldo Fonseca, que deixou a Secretaria-Geral da Presidência, disse que Bolsonaro chegou à Presidência “ungido por Deus”.
Carlos Marun, que ganhou fama como escudeiro de Eduardo Cunha, afirmou que o novo presidente sente um “inarredável e intenso amor pelo Brasil”.
Recém-nomeado para o conselho de Itaipu Binacional, com salário de R$ 27 mil para participar de uma reunião a cada dois meses, Marun ainda incluiu a família no culto ao capitão. “Minha esposa veio de verde-oliva”, disse, sem corar.