Parece um pouco estranho ver a Secretaria de Cultura dentro do Ministério do Desenvolvimento Social. Pero no mucho .
Afinal, não pode haver desenvolvimento social sem cultura. Não passar fome não é desenvolvimento, é sobrevivência. Mesmo com emprego e proteção social, sem cultura não haverá desenvolvimento humano. São os livros, filmes, músicas, peças, artes plásticas, museus e balés que desenvolvem a sensibilidade coletiva, é a industria cultural nacional que constrói nossa identidade e unidade.
“A gente não quer só comida/ A gente quer comida, diversão e arte”.
A cultura é um instrumento do desenvolvimento social porque diverte, emociona, informa, critica, discute e fantasia a vida real de cada um e do país. Sem ela, serão massas de trabalhadores mal pagos em tarefas repetitivas que logo serão feitas por robôs. Os desinformados sofrem pelos motivos errados e apoiam decisões contra eles mesmos.
Alta ou baixa, popular ou erudita, nacional ou regional, a cultura é expressão da nacionalidade, e na era moderna se transformou num motor da economia gerando divisas e prestígio internacional como soft powerque cria simpatia e abre mercados.
Cultura não é um artigo de luxo de uma elite vadia e de artistas mimados e cevados em verbas públicas. Isso não é de direita nem de esquerda, é simplesmente errado num tempo em que a indústria cultural de massas representa uma crescente fonte de riqueza, de empregos e de impostos, que beneficia o comércio, a indústria e o turismo. O Brasil pode viver sem seus políticos, mas, sem seus artistas, seria o lugar mais triste do mundo.
Assim como o agro, a cultura é pop. Ela está na história, nas ruas, não só na produção de arte e entretenimento, mas na geração de riqueza, literal e metafórica. Só que é preciso distribuir melhor essa riqueza, como tudo no Brasil.
Os governantes têm que se convencer de que a cultura é um bom negócio, para o Estado e para os cidadãos, se for gerida com eficiencia, sem paternalismo, clientelismo e partidarismo.
O Globo