Ao denegar a si mesmo a disputa de uma vaga do Senado, o governador Ricardo Coutinho renunciou Brasília, em nome do seu projeto “coletivo. Quis o destino devolver a capital da República ao itinerário do socialista.
A eleição, ontem, no comando da Fundação João Mangabeira coloca o paraibano numa posição de destaque no topo partidário do PSB.
É o terceiro posto mais importante da legenda e por onde passaram Carlos Siqueira e Roberto Amaral, presidente e ex-presidente da legenda, respectivamente.
Antes de braço de estudos, pesquisas e formulação de políticas públicas, a Fundação é um espaço de poder importante na vida orgânica do PSB.
Aliás, um quesito que ainda faltava a Ricardo. Já era respeitado dentro do ambiente socialista, embora sem o tamanho proporcional à sua estatura na hierarquia interna.
Coutinho chega por mérito, sem favor algum. É o que disseram ao Blog pelo menos dois dirigentes nacionais do PSB.
A presidência da FJM poderia abrigar um Márcio França, por exemplo. Porém, diferente do governador paulista, Ricardo saiu da eleição sem mandato, mas vencendo quase tudo em que botou a digital. Elegeu o sucessor e mandou para o Planalto um senador e um deputado federal.
No discurso de posse, o socialista exortou o PSB a ter um olhar diferenciado sobre seu próprio portfólio. Defendeu que o partido se aproprie e venda suas experiências de gestão e não tema fazer os grandes debates.
Para a ala mais à esquerda do PSB, que é ainda maioria, a chegada de Coutinho é um sopro contrário aos ventos na direção de Bolsonaro. Pelo tom de sua posição recente, ele representaria a resistência, digamos assim.
Na direção da entidade, Ricardo terá voz, broche, orçamento, salário e projeção para fazer o que mais gosta e sabe na vida: política e debate. E em âmbito nacional, onde agora está cada vez mais claro que é a meta na nova etapa de sua trajetória.
Mesmo sem cadeira no Senado, Ricardo terá um assento permanente em Brasília.