Leio a nova edição da Veja e vejo ampla cobertura com matéria contundente sobre as atípicas movimentações financeiras de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro.
No jornal O Estado de S. Paulo, tomei conhecimento de que o nome do policial constava de uma relação de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que caíram numa espécie de malha fina.
Na semana passada, fui informado pela Folha que a filha de Fabrício, secretária parlamentar do então deputado Bolsonaro, atuava como personal trainer no Rio de Janeiro.
Vi no Jornal Nacional, da TV Globo, essas e e outras notícias em longas matérias tratando dos desdobramentos da estranha movimentação na conta do ex-assessor de Flávio.
Coincidência… São os mesmos veículos responsáveis pela veiculação de denúncias e cobertura dos podres da Era PT. Aqueles que antes também expuseram vísceras de deslizes do entorno do governo FHC.
Se seguir o padrão petista de tentar se defender atacando a imprensa, o clã Bolsonaro terá todos os motivos do mundo para repetir aquele velho mantra repetido pelos estrategistas do partido de Lula: é a mídia golpista em ação.
Sempre ela.
O jornalismo é a Geni predileta de todos os políticos, partidos ou personalidades que se acham em maus lençóis.
No caso de Lula, de Dilma e do PT, a imprensa era acusada de participação na grande trama e conspiração pelo “golpe”. Danem-se os fatos. Melhor cuspir naqueles que se encarregam de levá-los à praça.
Logo depois foi Michel Temer. Alvo de delação e investigado suspeito de peripécias, o presidente se queixou de perseguição implacável da imprensa.
Agora é a família Bolsonaro dentro da roda, sob graves suspeitas em torno do filho do presidente a respingar na futura primeira-dama.
Tudo com notícias diárias e acompanhamento de cada passo, com reportagens investigativas, apresentando contradições de versões e a fragilidade das justificativas.
Se não esclarecido, um escândalo antes mesmo do começo do governo e cujo noticiário botou o presidente e o seu time na parede. Não se fala mais noutra coisa.
Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, chamou a cobertura de “estardalhaço”.
E o que Bolsonaro e seus seguidores nas redes fazem? Minimizar, atacar e desqualificar a imprensa, a mesma narrativa do PT, desmascarada processo a processo na Justiça e, por fim, desmoralizada nas urnas.
A imprensa continua fazendo seu papel. Para quem está no alvo e no poder, ela sempre será “golpista”. Para o jornalismo e o público racional isso tem outro adjetivo: livre!