Por muito tempo, o Judiciário se fechou em copas. Uma postura que variou entre preservação institucional – por um prisma – e encastelamento – por outro.
A vida, a sociedade e a magistratura mudaram. O véu se rasgou, digamos assim, e a deusa da justiça mostrou sua face.
Márcio Murilo da Cunha Ramos, jovem desembargador, é dessa nova geração disposta a se expor e prestar contas do que faz e do que pensa.
Eleito presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Márcio ficou Frente a Frente, ontem, comigo e colegas jornalistas da Rede Arapuan.
Falou sobre tudo, não se furtou a responder nada. Enfrentou, de cara e peito aberto, temas indigestos, defendeu sua classe, admitiu problemas, insuficiências e refletiu sobre soluções.
Disse, por exemplo, ser a favor dos direitos humanos dos delinquentes, mas sem esquecer os danos sofridos pelas vítimas, a serem reparadas pelo Estado.
Foi respeitoso, diplomático, mas não perdeu a altivez ao falar sobre o orçamento a que o TJ tem direito, contingenciado há anos pelo atual governo.
Quer abrir um outro canal de diálogo com o governador eleito João Azevedo, a quem pretende convencer que um Judiciário forte, sadio e cumpridor de suas demandas sociais é indispensável à cidadania a que o governo deve estar compromissado.
Tratou a Operação Lava Jato como paradigmática e pedagógica para dentro e para fora da magistratura e elogiou a postura do juiz Sérgio Moro, que “renunciou” à carreira para “servir ao País” no Ministério da Justiça.
Usuário assíduo das redes sociais, para Márcio Murilo a exposição nunca foi problema. Na medida e no tom certo é solução. Um caminho que ele deve seguir, quando empossado for, para “abrir” ainda mais o Tribunal aos seus jurisdicionados.
Quem conhece já sabia, mas quem o viu e ouviu pela primeira vez ontem pelas lentes da TV Arapuan não tem dúvidas: estamos diante de um desembargador sem papas na língua, sem meias palavras.
Sua passagem pelo TJ, portanto, tem tudo para ser “forte”. Como sua personalidade.