Bolsonaro sabia que Onyx recebera pelo menos um repasse de R$ 100 mil do Grupo J&F. Não sabia que foram dois no mesmo valor, um em 2012 e outro em 2014. . Dinheiro de caixa 2, não declarado à justiça. Crime, portanto, previsto em lei.
Onyx confessara o primeiro, pedira desculpas e devolvera a metade. Sobre o segundo revelado agora, só falou uma vez para se defender. Sua situação agravou-se nas últimas 48 horas quando passou à condição de investigado pela Procuradoria Geral da República.
O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, afirmou que se forem encontradas irregularidades na investigação, Onyx terá de pedir demissão ou de ser demitido. De fato, Mourão repetiu o que Bolsonaro já havia dito quando provocado por jornalistas.
Irregularidade houve, reconhecida pelo próprio Onyx. Talvez o general tenha se referido à descoberta de novas irregularidades. Mourão está aprendendo a ser político mais depressa do que seus antigos colegas de farda imaginavam ser possível.
Onyx é um aliado sincero do presidente eleito. Apoiou-o desde a primeira hora na contramão do seu próprio partido que preferiu apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) a presidente. Mas a caneta Bic de Bolsonaro está cheia de tinta.
Ele não precisou usá-la para livrar-se do senador Magno Malta (PR-ES), seu puxador de rezas em momentos de dor e de júbilo. Malta recusou o convite de Bolsonaro para ser seu vice. Não se reelegeu senador. Quis ser ministro. Foi considerado inadequado para tal.
Todo governo tem lá seus problemas depois que começa, e assim é até o fim. O de Bolsonaro tem um desde já – e ele se chama Onyx Lorenzoni.