De anônimo a meteoro político. A fulminante ascensão do paraibano Julian Lemos seguiu a velocidade, guardadas devidas proporções, do seu líder, o presidente eleito Jair Bolsonaro.
A proximidade real e a intimidade levaram Lemos a merecer a confiança do então candidato à Presidência ao ponto de ser escalado para o posto de vice-presidente nacional do PSL.
Força antes, prestígio confirmado depois do pleito. A indicação (acatada) de cinco nomes para a comissão de transição deu a dimensão do espaço.
Nada construído no relâmpago. Há anos Julian Lemos se dedicou, reconhecidamente, a esta causa. Uma bandeira quase lunática, tempos atrás.
Tudo atropelado ontem com uma iracunda tuitada do filho do presidente. Pela autoria, sem motivo aparente e conhecido do público, os 140 caracteres tiveram forte apelo e provocaram estilhaços imediatos na presumida liderança de Julian junto ao novo presidente.
Lemos paga pelo preço da exposição. Muitas vezes exagerada. Em várias situações, puxou para si um comando e um tamanho que despertam amores de um lado e ódios de outro.
Quem é não diz. Os outros reconhecem. Basta. A diferença de prestígio de autopropaganda é a dose do limite. Quando passa do ponto, remédio passa a ser veneno.
E nesse quesito, Julian tem cometido o pecado da vaidade. Aparece demasiadamente a um nível que pode estar incomodando o círculo mais íntimo e poderoso em torno do capitão.
Por mais deselegante e desleal, a postagem de Carlos Bolsonaro – acostumado a criar barracos e gestar situações embaraçosas – deve servir de alerta a Julian, um braço direito de Bolsonaro de primeira hora e cuja condição não pode ser arquivada com uma tuitada.
Para Lemos, o barulho pode ser encarado como um momento propício para reflexão.
Aos apóstolos, Jesus deixou uma mensagem fundamental: “Todo aquele que quiser ser o primeiro deve ser o último”.
A lição é universal, mas pode muito bem ser absorvida por Julian, antes mesmo do começo do seu mandato. Menos é mais.