Plano de desenvolvimento. Por Merval Pereira – Heron Cid
Bastidores

Plano de desenvolvimento. Por Merval Pereira

21 de novembro de 2018 às 13h00 Por Heron Cid

Há mais de um ano, um grupo de economistas coordenado por Flávio Ataliba e Claudio Frischtak vem preparando documento de propostas de políticas públicas para o novo governo.  O grupo de discussão, com mais de 200 economistas, existe há mais de 3 anos, e a proposta conta até o momento com 110 signatários, entre eles Alexandre Schwartsman; Bernard Appy; Cláudio Considera; Elena Landau; Fábio Giambiagi; Gustavo Loyola; José Julio Senna ; José Márcio Camargo;  Manuel Thedim; Otaviano Canuto; Samuel Pessôa.

O conjunto de princípios, iniciativas e políticas públicas é construído em torno de 13 diretrizes gerais, distribuídas em 4 grandes áreas: Âmbito macro e microeconômico; social; segurança pública e ambiental. O documento foi discutido em seminários na Fundação Getulio Vargas (FGV).

Há o consenso de que, sem reformas, estaremos fadados a um longo período de estagnação, ou pior. As mudanças propostas serão capazes de impulsionar o crescimento sustentado pelos próximos anos.

As políticas macroeconômicas são: 1. Autonomia do Banco Central, com o objetivo de estabilidade de preços no regime de metas de inflação com câmbio flutuante. 2. Responsabilidade fiscal apoiada por uma reforma da Previdência consistente com os imperativos demográficos, de equidade e sustentabilidade fiscal; reforma administrativa para ajustar os gastos do Estado com pessoal e custeio; e uma reforma patrimonial, centrada na desestatização de empresas públicas e venda de ativos. 3. Uniformização e simplificação da tributação do consumo, da renda e da folha, e revisão dos regimes simplificados de tributação para elevar a produtividade e melhorar a distribuição de renda. 4. Integração do país nas correntes de comércio, investimento e inovação.

Políticas Microeconômicas: 5- Fortalecimento da segurança jurídica, previsibilidade regulatória e ambiente de negócios mais favorável, garantindo as decisões das agências, pela aprovação de legislação que lhes confira autonomia decisória e financeira. Adicionalmente, reforço na atuação do CADE. 6. Implantação de uma política de Estado para os investimentos em infraestrutura voltada a mobilizar o potencial de contribuição do setor privado – sem subsídios ou artificialismos. 7. Fortalecimento das políticas em Ciência e Tecnologia, mantendo o nível de orçamento governamental de Pesquisa e Desenvolvimento em relação ao PIB. Ao mesmo tempo, estimular a meritocracia nas universidades e instituições de pesquisa públicas, e avançar numa agenda de “Inovação sem Fronteiras”.

Políticas Sociais: 8. Redução dos níveis de pobreza, definindo melhor a linha de pobreza, escolhendo prioridades, como crianças e jovens que são mais vulneráveis. 9. Reestruturação do sistema previdenciário, para corrigir o desequilíbrio fiscal no atual sistema de repartição, a partir de eliminação de privilégios, adequando-se também a dinâmica populacional do país, fruto do rápido processo de envelhecimento da população, ao mesmo tempo em que se possa estudar a migração para sistemas híbridos capitalizados. 10. Reformulação na gestão de recursos na educação – os gastos com educação chegaram  a 6% do PIB, e a prioridade é melhorar a gestão desses recursos. É preciso estabelecer o conjunto de competências para a formação de professores, continuar com as cotas para ingresso na universidade pública e avaliar todos os cursos de ensino superior no país. 11. Reformulação da rede de proteção social, reorganizando o programa Bolsa Família, garantindo a renda mínima mas estimular a transição para o mercado de trabalho e sua formalização. E reestruturar os programas de abono salarial, salário família, seguro desemprego e FGTS.

Segurança Pública: 12. Intervenção de forma organizada e articulada da Polícia, da Justiça Criminal, do Sistema Prisional e da Política Econômica, para melhorar a gestão na área de segurança pública

Meio-ambiente: 13. Promoção do desenvolvimento sustentável, com meta de desmatamento zero, e uma economia com baixa emissão de carbono. Construir medidas urgentes para superar o atraso ao saneamento básico, e caminhar para aglomerados urbanos sustentáveis. É importante o comprometimento com a retomada dos processos de reconhecimento de territórios quilombolas, além da preservação das terras indígenas.

O Globo

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