Luiz Couto (PT) acumula mandatos eletivos na vida secular, mas no hábito religioso de padre está acostumado a renúncias. Portanto, ganhar e perder faz parte de sua formação de homem e devoto. O que não combina com seu ensaio de esperneio em provocar a Justiça Eleitoral contra a eleição da concorrente e deputada estadual Daniella Ribeiro (PP).
Argumenta Couto que estava muito bem situado nas pesquisas às vésperas do processo eleitoral, na frente de Daniella, o que – na visão do petista – coloca o resultado final de sua derrota nas urnas em dúvidas e passível de investigação.
Um fundamento tão pífio quanto despropositado.
Se valesse, o primeiro autor de uma ação judicial deveria ser o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), cuja reeleição era apontada por praticamente todas as pesquisas.
Político experimentado, Couto sabe que se estivesse certo a Justiça poderia ser dispensada de fazer eleição. Bastava a pesquisa e pronto. E, óbvio, não é assim que funciona.
Luiz insinua abuso de poder econômico de Daniella. Avalie se a vencedora fosse levantar a mesma suspeita do derrotado, apoiado por toda a estrutura governamental engajada na sua campanha e com direito a depoimentos repetidos do próprio governador do Estado em favor do petista.
Quando parlamentar, Couto deu uma notória contribuição, representando a Paraíba com dignidade na Assembleia e na Câmara. Se tivesse ido para a reeleição, provavelmente teria o mandato renovado. Não foi. Optou pelo risco da disputa imprevisível do Senado.
Não deu. Para esse tipo de coisa, o legado do que fez e a cabeça erguida são companheiros espirituais dos inconformismos pessoais.
Luiz é um homem que aprecia música. Pode muito bem ouvir Maria das Dores, interpretada por Paulo Diniz. Nela, um verso ensina: “A maior derrota é não saber perder”.