Sergio Moro comprovou na entrevista coletiva que deu esta tarde que é até aqui o melhor nome do ministério de Jair Bolsonaro. O juiz da Lava-Jato não deixou nenhuma pergunta sem resposta. Enfrentou todas as questões e delas saiu-se muito bem. Soube ser flexível sem abrir mão de suas convicções.
Nos pontos mais sensíveis ao presidente eleito, flexibilização do porte de arma e redução da maioridade penal, foi coerente com seu discurso, mas ressaltou que eventuais divergências devem ser discutidas no âmbito do governo. São divergências contornáveis, nas suas palavras. Foi polido sem ser subserviente. Sobre o episódio da quebra do sigilo da delação do ex-ministro Antônio Palocci, dissse que se fosse favorável ao PT seria direito à informação, de outro modo foi chamado de interferência indevida no processo eleitoral
Da mesma forma falou sobre a progressão de penas de bandidos como questão que merece debate. Disse que progressão é relevante para a reinserção social, mas disse que para crimes mais graves deve-se ser mais severo. Falou o que a população gostaria de ouvir, farta de ver criminosos graves soltos depois de quatro anos de encarceramento, e o que Bolsonaro também gostaria de ouvir.
Disse que sua função no ministério será proeminentemente técnica, no que tem razão. Sobre o futuro da Lava-Jato, que poderia perder com sua saída, disse estar seguro de que a operação segue em boas mãos. Tomara que tenha razão. Finalmente, mostrou que contato com a imprensa pode ser feito de maneira organizada. Foi respeitoso e democrático até mesmo ao dizer que aceita eventuais erros da imprensa. Moro provou que Bolsonaro ganha mais do que ele próprio com sua ida para o ministério.
O Globo