Feitos da equipe do tempo difícil. Por Míriam Leitão – Heron Cid
Bastidores

Feitos da equipe do tempo difícil. Por Míriam Leitão

26 de outubro de 2018 às 17h00 Por Heron Cid

Esta foi uma grande equipe econômica que trabalhou em condições adversas. O resultado fala por si. A inflação caiu e chega ao fim do período de tensão política no centro da meta. O déficit foi reduzido ainda que o rombo deixado pelo PT não tenha sido vencido. A Caixa solucionou seu enorme desequilíbrio através de uma revolução silenciosa. A Petrobras voltou ao lucro e construiu mecanismos de proteção contra a corrupção. O Banco Central tomou decisões com autonomia e levou as taxas de juros ao mais baixo ponto desde o Plano Real.

O candidato do PT diz que não vai mantê-la caso ganhe porque ela é a equipe “que não pensa em geração de emprego, só pensa em lucro pra banqueiro”. Falso e demagógico. A escalada do desemprego começou no governo do PT e os juros pagos pelo Tesouro eram mais altos no governo Dilma. A equipe do candidato do PSL diz que manterá quem se manifestar que quer ficar. Faz, portanto, a proposta com a arrogância dos vencedores de véspera, como se fosse uma concessão, e o faz por oportunismo porque sabe que eles têm boa reputação.

O mérito inicial cabe ao ex-ministro Henrique Meirelles que foi excelente formador de equipe. O ministro Eduardo Guardia agiu discretamente junto com o competente Mansueto Almeida oferecendo aos economistas dos candidatos que os procuraram as informações necessárias sobre a situação fiscal e os desafios econômicos. Jamais polemizaram com as propostas descabidas que surgiram. De forma republicana têm trabalhado pela transição, seguindo o modelo que Guardia aprendeu com seu ex-chefe Pedro Malan na passagem do governo tucano para o PT em 2002.

Ana Paula Vescovi, figura de rara competência, brilhou neste período. Primeiro como secretária do Tesouro e depois como secretária executiva. Discreta e eficiente, ela cumpriu missões quase impossíveis. Refez a credibilidade do Tesouro abalada desde a maluca contabilidade criativa de Arno Augustin e Guido Mantega. Como presidente do conselho de administração da Caixa Econômica solucionou, sem dinheiro do contribuinte, o enorme rombo deixado pela desastrosa condução anterior. Na gestão petista foi feito o ruinoso negócio da compra do banco quebrado do Silvio Santos. A Caixa foi usada para dar empréstimos a empresários como Joesley Batista. O FI-FGTS gerou escândalos com seus créditos negociados por indicados de Eduardo Cunha no governo de Dilma Rousseff e que estão sob investigação do Ministério Público nas operações Greenfield, Sepsis e Cui Bono. Vescovi trabalhou em estreito contato com o procurador da Fazenda Claudio Xavier.