Nem Camilo Santana, governador petista reeleito no Ceará, deve estar tão empenhado na eleição de Fernando Haddad, no estado em que o pedetista Ciro Gomes foi o mais votado, quanto o governador paraibano Ricardo Coutinho.
O socialista tem se revezado penhoradamente em vídeos nas redes sociais e presença em manifestações. Muito mais açoitando Jair Bolsonaro, o favorito na disputa, do que gastando argumentos para fundamentar as qualidades ou virtudes do ex-prefeito de São Paulo.
E por que Coutinho estão tão efetivamente engajado nesse mister?
Desde o processo do impeachment, Ricardo escolheu um lado óbvio: o contraponto até institucional à quem ameaçava tomar o poder, entre eles, adversários paroquiais, como Cássio Cunha Lima.
Forjado na esquerda, a posição em favor do PT e contra os “golpistas” é presumida. Ricardo, porém, bota verniz no discurso e não se limita a fazer uma luta partidária.
No que está certo. Defender especificamente o PT a esta altura é uma tarefa um tanto inglória. Por isso, por estratégia, ele adota uma posição com ares de estadista e diz que a questão é maior: a democracia e o Estado de Direito.
Mas nem só de boas intenções vivem os políticos e Ricardo não é diferente. Em eventual governo petista, o paraibano teria espaço privilegiado. O que seria justo. No mínimo, tem estatura e crédito para virar ministro.
Como a vitória de Haddad é, a preço de hoje, quase uma fábula, Ricardo se esforça para fazer o dever de casa e sair ainda mais fortalecido das urnas deste 2018. Vai jogar todas as suas cartas para aumentar a votação do seu candidato no Estado.
Mas, diante da onda bolsonarista que venceu em João Pessoa, nas suas barbas, e em Campina Grande, por exemplo, assume riscos. Se aumentar a votação do petista, sai cacifado. Se apesar de todo esse empenho público, Bolsonaro aumentar a preferência, sai arranhado em sua liderança sacramentada no primeiro turno.