Eduardo Paes e Wilson Witzel chegaram ao debate de ontem com o mesmo objetivo. Um queria mostrar que o outro andava em más companhias. O duelo poderia terminar empatado, porque os dois tinham razão.
Witzel lembrou que Paes era unha e carne com Sérgio Cabral, condenado a penas que somam mais de 183 anos de prisão. Chegou a participar do jantar que terminou na animada farra dos guardanapos, em Paris. “Você é o candidato do Cabral. O Cabral tá pedindo voto pra você na penitenciária”, provocou o ex-juiz.
Paes lembrou que Witzel compete pelo PSC, o partido do Pastor Everaldo. Pau-mandado de Eduardo Cunha, ele também foi acusado de receber propina para tabelar com Aécio Neves nos debates de 2014. “Traz o Pastor Everaldo para um evento”, desafiou o ex-prefeito.
Em outro round, Witzel cobrou Paes pela condenação de Alexandre Pinto, seu ex-secretário de Obras. Na semana passada, ele foi sentenciado a 23 anos de prisão por embolsar dinheiro de empreiteiras.
O ex-prefeito questionou o rival pela proximidade com Mário Peixoto, um dos maiores fornecedores do estado na era Cabral. O empresário foi acusado de pagar um mensalão de R$ 200 mil a conselheiros do TCE.
Os candidatos também trocaram farpas ao falar de alianças. Witzel lembrou que Paes é apoiado por Luiz Fernando Pezão, o impopular governador do estado. Paes disse que Witzel é o preferido de Marcelo Crivella, o detestado prefeito da capital.
Na hora de se defender, os dois candidatos foram pouco convincentes. “Eu tive que conviver com um monte de gente esquisita, infelizmente. Na política, você convive com pessoas assim”, enrolou Paes. “Eu tô sabendo agora que o Crivella tá me apoiando. Não tava sabendo”, desconversou Witzel.
O ex-juiz também se fez de distraído quando Paes criticou sua presença no comício em que dois bolsonaristas quebraram a placa que homenageava a vereadora Marielle Franco. “Eu não tinha conhecimento de que a placa estaria lá”, embromou. Pode ser, mas as imagens deixam claro que ele não se constrangeu nem um pouco com a selvageria.
O Globo