Ao afirmar que não aceita nem diálogo com a oposição, Gustavo Bebianno desrespeita um fundamento básico da democracia, que é o direito de fazer oposição. O doutor ainda não percebeu que, nos regimes democráticos, o povo também elege a oposição e que esta é tão legítima como o governo. Então ele acusa a turma de toda de ser “bolivariana”, mas é ele quem não reconhece o direito que têm partidos de se opor ao poder? Uma lembrança: Chávez aniquilou a oposição de seu país acusando-a de corrupta.
O discurso desastrado de Gustavo Bebianno não se limitou à oposição. Numa resposta absolutamente incompreensível sobre mais verbas para as Polícias, afirmou:
“O outro lado é a questão moral. Um presidente da República forte, gostemos ou não. O Brasil vem sendo governado por homens frouxos, fracos e corruptos. Jair Bolsonaro é um homem forte e honesto. Você governa pelo exemplo.”
O exemplo, sem dúvida, é importante. Mas não enche barriga. Notem que há no discurso aquela mesma pretensão inaugural que tinha Lula quando chegou à Presidência. Ninguém prestava antes dele. Ninguém presta antes de Bolsonaro. FHC fez o plano Real. Lula comandou o maior ciclo recente de crescimento da economia. Michel Temer tirou o país do buraco. Para Bebianno, não mais do que um bando de frouxos.
Sabem o que é pior para o país? Eu poderia estar criticando esse discurso, mas temeroso de que ele pudesse dar certo. O Brasil se tornaria mais intolerante, mas mais eficaz. E já seria ruim. Ocorre que esse tipo de conversa junta a intolerância à ineficiência. Nessa trilha, Bolsonaro quebra a cara, ainda que tente quebrar muita cara no meio do caminho.
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