Lacunas no debate. Por Antônio Gois – Heron Cid
Bastidores

Lacunas no debate. Por Antônio Gois

15 de outubro de 2018 às 11h00 Por Heron Cid
Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) (Paulo Lopes/Futura Press/Valéria Gonçalves/Estadão Conteúdo)

Em 15 dias o país terá um novo Presidente, mas os debates durante a campanha, mesmo com o segundo turno, até agora não foram suficientes para que a sociedade pudesse avaliar a viabilidade de boa parte das propostas para a educação dos dois candidatos que restam na disputa. De certo são projetos muito distintos. Uma leitura dos programas de governo deixa claro, por exemplo, que as duas candidaturas fazem diagnósticos bastante diferentes do quanto deve ser investido no setor. O PT fala em ampliar os gastos, visando chegar a 10% do PIB, enquanto para a candidatura de Bolsonaro o entendimento é de que o principal problema é de eficiência, pois o país já investe, em proporção do PIB, um valor equivalente ao de nações desenvolvidas.

Seria bom ouvir de Haddad mais sobre como será possível ampliar o gasto num cenário de forte restrição fiscal, e sem produzir mais ineficiência. E, de Bolsonaro, qual seria a mágica para dar um salto de qualidade no ensino investindo, por aluno (o que é diferente do percentual do PIB), metade do verificado nas nações mais ricas na educação básica.

Um dos poucos pontos em comum nas duas propostas é a sinalização de que querem alterar a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricular. Provavelmente, as mudanças que cada governo faria no documento seriam bem distintas, mas até agora nenhuma das candidaturas detalhou o que e como seriam feitos esses ajustes.

Até por ser mais detalhado e por Haddad já ter sido ministro da Educação, é mais fácil prever como seria sua gestão. Simplificando bastante, pode-se dizer que seria um pouco mais do mesmo, argumento que será visto como positivo para seus simpatizantes e como negativo para seus críticos.

No caso de Bolsonaro, líder nas pesquisas, há muito menos clareza, pois seu programa é bem menos detalhado e sua campanha tem se negado, desde o primeiro turno, a enviar um representante para os debates convocados por meios de comunicação ou organizações do terceiro setor sobre o tema.