A hora do voto e uma certeza: a pior decisão é não decidir – Heron Cid
Opinião

A hora do voto e uma certeza: a pior decisão é não decidir

5 de outubro de 2018 às 10h48 Por Heron Cid

Hoje, dia 5 de outubro, é aniversário de 30 anos da promulgação da Constituição Cidadã, o livro que virou as páginas de duas décadas de autoritarismo, supressão de liberdades e direitos.

Daqui a dois dias, exerceremos talvez o mais importante deles, recuperado após longa mobilização e intensa pressão popular: o voto.

Trinta anos depois, chegamos às vésperas do pleito mais conturbado dos últimos tempos com um sentimento de desânimo e desvalorização dessa conquista. Não por culpa dos representados, mas pelas falhas e deslizes dos representantes.

Estamos à beira da urna e, no abismo bem ao lado, forças e simpatizantes destas – movidos por tantas decepções e revolta – flertando com a possibilidade de retrocesso que ameaça um patrimônio alcançado às custas da luta de muitos.

A democracia tem seus defeitos e falhas, é verdade. Mas, entre os sistemas possíveis, é o melhor modelo de governo e de sociedade. Que o digam os filhos das pátrias comandadas por ditaduras e governantes autocráticos.

Se a temos, façamos uso dela em favor do certo e do justo.

Não dê as costas à essa responsabilidade. Vote!

De preferência, vote a favor, não contra. Vote pela razão, não pela emoção. Vote pela convicção, não apenas pela gratidão. Vote com esperança, não por vingança. Vote pelo Brasil, não por um candidato. Vote pelo amanhã, não pelo ontem. Vote com amor, não com ódio.

Vote, porque o Brasil nunca precisou tanto dos brasileiros. As mudanças não são feitas em casa, de braços cruzados e nem assistindo a banda passar.

Não tema escolher porque não quer ser responsabilizado pelos eventuais futuros erros do seu escolhido. Sua parte é votar, e se sua opção – feita conscientemente – deslizar, a culpa não será sua.

O eleitor votou em Fernando Collor para mudar. Quando esse derrapou, a mesma massa foi às ruas para pedir sua deposição. Muitos acreditaram em Lula, mas no instante em que ele não se mostrou a altura da confiança, esse mesmo povo bom expressou sua frustração. A metade do Brasil que votou em Aécio deu-lhe as costas quando testemunhou seu mau e corrupto comportamento. O Brasil que elegeu Dilma ganhou as avenidas para pedir o abreviamento do seu desastrado e apodrecido governo.

Portanto, ninguém pode se abster de sua obrigação cidadã, com receio do futuro. Ninguém deve se envergonhar de suas escolhas, quando elas são movidas pela boa causa e expectativa. O voto é pelo o que se espera do candidato, não pelo o que eleito se torna.

Não repita Pilatos, o juiz mais injusto da história da humanidade. Não lave as mãos. Use-as para lavar essa Nação e pelas urnas fazer a assepsia da política, eliminando a sujeira dos maus e alvejando os bons. 

Domingo, trinta anos depois da recuperação de um sagrado direito, não deixe que escolham por você. E não esqueça: a pior decisão é não decidir.

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