Marina Silva, a candidata que encolheu. Por Bernardo Mello Franco – Heron Cid
Bastidores

Marina Silva, a candidata que encolheu. Por Bernardo Mello Franco

28 de setembro de 2018 às 11h00 Por Heron Cid
Marina Silva (Daniel Marenco | Agência O Globo)

No início de setembro, Marina Silva estava em segundo lugar na corrida presidencial. Em menos de um mês, desabou para o quinto. A ex-senadora tinha 12% no Ibope. Agora caiu para a metade: 6%.

O encolhimento de Marina não chega a ser uma surpresa. Ela se isolou após a derrota de 2014, quando chegou a liderar as projeções de segundo turno. Seu partido, a Rede, nasceu pequeno e ficou ainda menor. Hoje tem apenas dois deputados e um senador.

A candidata também perdeu aliados que ajudavam a bancar suas campanhas. O empresário Guilherme Leal, da Natura, e a educadora Neca Setúbal, uma das herdeiras do Itaú, escolheram se afastar. Marina esperava arrecadar cerca de R$ 9 milhões em doações. Até aqui, recolheu pouco mais de R$ 1 milhão.”>

A ex-senadora atribui suas dificuldades à escassez de dinheiro e tempo de TV. É um problema, mas não é uma explicação. Ela tem 21 segundos a cada bloco de propaganda. O candidato Jair Bolsonaro tem apenas oito e está na liderança das pesquisas.

Até o fim de agosto, Marina contava com um trunfo. Apesar de ter rompido com o PT em 2009, ela era quem mais herdava votos de Lula. No cenário sem o ex-presidente, chegava a liderar entre os mais pobres e no Nordeste. Quando o petismo oficializou Fernando Haddad, a campanha da ex-senadora se dissolveu.

Marina poderia ter disputado o espólio do ex-presidente, mas fez escolhas que a afastaram da base lulista. Os apoios a Aécio Neves, ao impeachment de Dilma Rousseff e à prisão de Lula queimaram suas caravelas com a esquerda, na definição do ex-aliado Luiz Eduardo Soares, que também a abandonou.

Agora ela vê até os políticos da Rede se distanciarem. Seu candidato ao governo de Pernambuco, Júlio Lossio, acaba de ser expulso por aderir a Bolsonaro.

Na primeira campanha presidencial, Marina costumava motivar seus eleitores com uma frase de Victor Hugo: “Nada é mais forte que uma ideia cujo tempo chegou”. Se o fiasco indicado pelas pesquisas se confirmar,ela terá um novo desafio: mostrar que não se tornou uma opção cujo tempo passou.

O Globo

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