Nem a esquerda nem a direita, nem os velhos ou os jovens, nem os pobres e nem os ricos, nem os brancos ou os pretos vão decidir esta eleição. Pela primeira vez, tudo indica que as mulheres é que vão fazer a diferença: mais da metade delas ainda não escolheu seu candidato.
É natural, elas levam mais tempo para decidir, tanto o que vestir ou aonde ir, como em quem votar, o que, no caso, é uma grande vantagem. Com mais tempo para pensar, conversar, saber bem quem são os candidatos, suas histórias, seus aliados, aumenta a chance de acertar na escolha.
Já entre os homens, em todo o espectro social, só 29% não são eleitores precoces, que já escolheram e querem virar para o lado e dormir. A maioria não quer ouvir argumentos nem discutir nada, só tem certezas inabaláveis.
As mulheres mudam mais de opinião, estão mais atentas aos sinais, têm mais sensibilidade para perceber o ambiente e o momento. E escolher.
No lançamento, o movimento #EleNão teve cinco vezes mais apoio do que o #EleSim entre as mulheres nas redes sociais.
Anitta quebrou a internet com seu apoio ao #EleNão, foi xingada e esculachada, milhares de fãs deixaram de segui-la, mas outros milhares se tornaram seus seguidores.
A primeira eleição em que as redes sociais são mais influentes do que a televisão também pode ser a primeira decidida pelas mulheres. Mais empoderamento é impossível. Mas mulher é mulher, tenho três filhas.
Para complicar o jogo, a boa aparência dos candidatos também tem influência no voto feminino, como é natural. Foi decisiva para eleger o galã de araque Collor. Agora Haddad, Bolsonaro e Ciro são considerados bonitões, seja pela sensualidade árabe, pelos olhos verdes ou pelo charme viril nordestino, e isso conta muito para as mulheres, e para os homens também. As aparências não enganam, ensinava Oscar Wilde.
Talvez a maioria das mulheres ainda não saiba quem quer, mas as que já sabem quem não querem ganham força, unidade e velocidade suprapartidárias na reta final da eleição.
O Globo