Ciro Gomes é brasileiro e não desiste nunca. Pela terceira vez, ele se lança candidato a presidente. Pela terceira vez, tenta emplacar como alternativa ao duelo entre petismo e antipetismo.
Nas campanhas passadas, não deu certo. Em 1998, Ciro ficou em terceiro lugar, bem atrás de FH e Lula. Em 2002, chegou a ameaçar o favoritismo do petista. Tropeçou na própria língua e acabou na quarta posição, atrás de José Serra e Anthony Garotinho.
O Ibope de terça-feira indicou que ele voltaria a morrer na praia. Jair Bolsonaro manteve a ponta, e Fernando Haddad assumiu a vice-liderança isolada. Ontem o Datafolha voltou a posicionar Ciro no jogo. Ele não cresceu, mas apareceu em empate técnico com o petista na disputa pela vaga no segundo turno. Nas simulações de confronto direto, foi o único a vencer Bolsonaro fora da margem de erro: 45% a 39%.
É preciso esperar as próximas pesquisas para saber se o candidato do PDT ressuscitou ou recebeu a “visita da saúde”. O Datafolha lhe deu uma boa notícia: ele é o mais citado pelos eleitores que admitem mudar de candidato até o dia 7. Por outro lado, a pesquisa mostrou que seu público é menos convicto do que o de Bolsonaro e Haddad. Nada menos que 57% dos ciristas ainda pensam em mudar o voto.
Com o petista avançando pela esquerda, Ciro tenta piscar para o centro e a direita não autoritária. Sua campanha já mudou a programação visual, trocando o vermelho pelo verde e amarelo. Agora ele deve voltar as baterias contra Haddad. “O Brasil não suporta mais um presidente fraco, sem autoridade, que tem que consultar o seu mentor”, atacou, na CBN.
Para viabilizar sua terceira via, Ciro precisa atrair o voto útil de quem teme uma vitória do bolsonarismo ou do petismo. Ontem Fernando Henrique Cardoso fez um apelo por união contra as duas correntes. O ex-presidente propôs uma aliança em torno de quem tiver “melhores condições de êxito eleitoral”. Ele evitou citar nomes na carta, mas esclarece que não se referia ao pedetista. “Para mim, o Ciro também está nos extremos”, disse à coluna.