O PT se mobiliza para o segundo turno e já muda o viés do discurso da candidatura de Fernando Haddad à Presidência. Vem aí um Haddad Claudinho & Buchecha: “só love, só love”. O petista Fernando Haddad está em empate rigoroso com Jair Bolsonaro no segundo turno, segundo o Ibope: ambos estão com 40%. Como, no primeiro, Haddad está com 19%, isso significa que herda 21 pontos do antibolsonarismo. O candidato do PSL chega a 28% na primeira etapa e marca os mesmos 40% na segunda: leva o bônus de 12 pontos do antipetismo.
A menos que haja uma mudança significativa no quadro, assistiremos a um confronto dos “antis” no segundo turno. Ou por outra: pela primeira vez, com efeito, o Brasil elegerá mais o seu “não-presidente” do que o seu “presidente”.
E, nesse quadro, diminuir a rejeição também passa a ser um objetivo estratégico. Bolsonaro tem a liderança em números absolutos: 42% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Dado que tem 28% das intenções de voto, nota-se que a rejeição é 50% maior do que a votação. Haddad tem 19% dos votos, mas já é rejeitado por 29%: 52% a mais. Empate técnico.
A transferência de votos de Lula pode ainda crescer, mas outro movimento já está em curso. Agora é preciso ser inclusivo. Haddad foi finalmente peremptório no “não” ao indulto ao ex-presidente — uma impossibilidade legal —; já deixou claro que o esquerdista e nacional-desenvolvimentista Márcio Pochmann não seria o homem forte da economia se eleito; acenou com uma amenização da proposta de acabar com o teto de gastos; admitiu a necessidade de uma reforma da Previdência; passou a fazer menos proselitismo sobre a reversão da reforma trabalhista. De resto, não custa lembrar: a PEC do teto de gastos é emenda constitucional. O presidente que quiser mexer com isso terá de contar com 308 deputados e 49 senadores. Em nome da governabilidade, o petista chegou a acenar até com um diálogo com o PSDB depois da eleição. Chegou a ser alvo das críticas de Ciro Gomes, que o chamou de “esquerdista só de goela”. Nesse ponto da trajetória, não seria ruim para Haddad que a fama pegasse.
E Bolsonaro? Por enquanto, não há sinais de que o candidato esteja disposto a amenizar o discurso. Embora o alto-comando tenha se surpreendido com o ritmo da ascensão de Haddad, o núcleo duro da campanha avalia que ele pode ser positivo se isso tornar o deputado o desaguadouro do antipetismo. Por enquanto, a avaliação e que o “risco PT” acabará por elegê-lo.
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