A saga de Thompson Mariz – Heron Cid
Bastidores

A saga de Thompson Mariz

18 de setembro de 2018 às 18h44 Por Heron Cid
Thompson Mariz saiu da disputa da Câmara Federal; eleitor perdeu uma das poucas opções decentes

Thompson Fernandes Mariz integra a lista – pequena, diga-se – dos candidatos com dignidade e qualificação na disputa para Câmara Federal, na Paraíba. Aliás, integrava.

Desde ontem, ele desistiu do pleito porque decidiu não recorrer de impugnação no Tribunal Regional Eleitoral.

E qual crime o professor Thompson cometeu? Foram dois.

Quando reitor, contratou ônibus para transporte de alunos da UFCG para um Congresso Nacional de Estudantes, em Goiânia.

O segundo se deu pelo fracionamento de despesas de compra de medicamentos para o Hospital Universitário Alcides Carneiro.

Esses dois ‘delitos’ renderam reprovação de contas no Tribunal de Contas da União.

O TRE da Paraíba, à luz da legislação, viu o acórdão como causa para impugnação.

A decisão só consubstancia o festival de contradições jurídicas.

O mesmo TCU reprovou por duas vezes as contas da presidente Dilma Rousseff, patrona de desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal e descontrole das contas públicas.

Essa semana, o TRE de Minas homologou a candidatura de Dilma, mesmo sendo esta tendo sido impichada e naturalmente inclusa nas penalidades de inelegibilidade, embora uma manobra de Renan Calheiros (MDB) tenha concedido (ilegal) anistia à petista, num arrumadinho sem precedentes, uma parte do “golpe” que o PT não rejeitou.

O caso Dilma é só um exemplo entre tantos.

O fato é: Mariz está fora do pleito. Poderia ter enfrentado o desgaste com recursos até as últimas consequências. Não quis.

Deve ter calculado que não vale à pena.

O sentimento é compreensível. Quem tenta oferecer uma alternativa diferente ao eleitor, em meio a tantos escândalos e corrupção, já precisa ter muito estômago para se meter na política. Não bastasse, ainda é constrangido.

Thompson desistiu. Mas o eleitor foi maior perdedor: ficou privado de uma das poucas opções decentes.

Se o seu pecado, em oito anos de reitorado movimentando milhões de reais, foi esse, a sentença do TRE, que o defenestrou da disputa, deve ser ostentada como diploma num quadro.

No país das malas de dinheiro e do escancarado caixa-dois, o ex-reitor que pagou o transporte dos alunos para um Congresso assistirá – da sua escrivaninha – os dejetos da política dando as cartas e ditando o jogo.

Das coisas do Brasil.

Nota

Meus amigos e amigas, venho comunicar uma péssima notícia. Lamentavelmente, o TRE acatou o pedido de impugnação da minha candidatura, por dois motivos. Primeiro, a contratação de dois ônibus, um para levar alunos para o Congresso Nacional dos Estudantes, realizado em Goiânia, e outro para A Quarta Bienal de Cultura e Arte da UNE, realizada em São Paulo, que eles consideraram como ato ilegal. O segundo foi um fracionamento de despesas, realizada pelo Hospital Universitário Alcides Carneiro, para compra de medicamentos de urgência. Registro, adicionalmente, que o Reitor a época não era Ordenador se Despesas do hospital.

Mas eu quero agradecer a todos, por terem acreditado nas minhas propostas e pedir desculpas a vocês por esse constrangimento. Agradeço do fundo do coração o apoio, mas não vou recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por decisão pessoal.

Saio limpo desse processo e com a consciência tranquila. Jamais tomei decisão que afrontasse a lei.

A candidatura foi rejeitada por eu ter enviado alunos da UFCG, quando era reitor, para participar de congressos da UNE. E a outra, o fracionamento de despesas, que eles não compreenderam que a unidade gestora de um hospital é diferente da unidade gestora polo (reitoria), tendo, por conseguinte, ordenadores de despesas diferentes.

Deus quis assim e tenho que arcar com o ônus dessa decisão do TSE e acatá-la de cabeça erguida, até porque me orgulho de ter tomado as decisões de enviar os nossos alunos para congressos que tratavam de política, de cultura e de artes.

O TRE, apesar de não ser instância revisora das decisões do TCU, poderia ter tido o mesmo entendimento político que eu tive quando reitor, mas se ateve, lamentavelmente, a decisão técnica e administrativa do TCU e impugnaram minha candidatura, sem qualquer processo contra mim de improbidade administrativa, que importasse em Danos ao Erário e de Enriquecimento Ilícito.

De cabeça erguida e coração aberto, agradeço a cada um e a todos ao mesmo tempo, pelo apoio, pela a amizade e por terem acreditado nas nossas propostas, bem como, se eleito fosse, seria o Deputado da Educação, fazendo mais e melhor.

Por fim e sem comentários, nós vimos ontem a homologação da candidatura do senhor Antony Garotinho, que praticou crimes muito graves, e que nem de longe se compara ao simples ato por mim praticado: enviar estudantes da nossa universidade para congressos da UNE.

Como fica a Carta Magna que consagra às universidades a Autonomia Universitária?

Que assim seja.

Fiquem todos com Deus!

Abraços

Thompson Mariz

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