Preso há 158 dias, Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou, hoje, direto da cela da PF em Curitiba o último ato da grande encenação de sua sexta candidatura à Presidência da República.
Manda-chuva do PT, mesmo encarcerado, Lula finalmente cedeu seu lugar a Fernando Haddad, o ungido por ele para pedir votos aos brasileiros.
“Quero pedir, de coração, a todos os que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para presidente da República”, escreveu.
“De hoje em diante, Haddad será Lula para milhões de brasileiros”, completou.
O petista resistiu às últimas consequências, atropelou o bom senso e as instituições e persistiu no papel de vítima até onde deu.
Limitado pelas regras das eleições, que não permitem participação de condenados em segunda instância, e pelo prazo da legislação eleitoral, o teatro precisou de um ato final.
Haddad é um bom candidato e até agora tem a ficha limpa, termo bem difundido pelos petistas – cujo governo instituiu a lei que ironicamente hoje barra seu líder. O que já é um diferencial para os tempos atuais.
Com portfólio de ministro respeitado da Educação, Haddad é desprovido do radicalismo a que Lula fora novamente contaminado, remontando ao perfil carrancudo que caracterizou suas primeiras disputas eleitorais.
Haddad pode voltar a dialogar com setores com que o PT já não se comunica mais, por absoluta incompatibilidade- de ambos os lados.
Não é candidato para se subestimar, sobretudo, sendo herdeiro do espólio do líder das pesquisas.
Se Lula deixou de ser um homem e se autoproclamou uma “ideia”, Haddad agora é essa ideia. A que pôs fim a uma “ideia fixa”.