Fernando Haddad (PT), é verdade, já se comporta como candidato do partido, mas dizendo-se ainda um “vice”. Vamos ver o que dirá a pesquisa Datafolha nesta segunda. Até a semana passada, um contingente mínimo de lulistas havia escolhido o nome de Haddad. O horário eleitoral do primeiro turno termina no dia 4 de outubro. Até lá, os presidenciáveis terão apenas 12 programas para levar ao ar, já que aparecem em dias alternados. Trata-se de uma aposta de altíssimo risco.
Nesta segunda, o Datafolha faz, tabula e divulga uma nova pesquisa. Cinco programas com os candidatos a presidente terão sido veiculados. Mais relevante do que tudo isso: o levantamento vai dizer também os efeitos da agressão sofrida por Jair Bolsonaro. Até agora, os petistas têm ignorado o capitão reformado. O partido elegeu como alvos o governo Temer, o desmonte de conquistas sociais que estaria em curso, a conivência dos tucanos com aquilo a que chamam “golpe”, a volta da suposta Idade de Ouro que o país teria vivido sob o governo Lula etc. Bolsonaro, na leitura que o PT vinha fazendo do quadro — e estava tecnicamente correta — era um problema de Geraldo Alckmin e dos não-esquerdistas que disputam com o candidato do PSL o eleitorado à direita.
Será que o partido poderá continuar com essa estratégia? Caso Bolsonaro amplie de maneira significativa a vantagem, passa a ser também um problema dos petistas porque o antibolsonarismo pode se ver tentado a fazer um voto útil em quem julga em condições de enfrentar o nome da extrema-direita. À parte alguma decisão tomada pelo eleitorado por razões insondáveis, não há motivos palpáveis para Haddad ter tido algum crescimento significativo nesse levantamento. A pesquisa não traz mais o nome de Lula, e o próprio PT, por enquanto, se nega a tratar o ex-prefeito de São Paulo como candidato.
Seria conveniente, não para o PT, mas para a diminuição das tensões na disputa, que o STF tomasse a sua decisão o mais rapidamente possível. Até porque não restam dúvidas, segundo a Lei da Ficha Limpa — deixando-se de lado a forma como Lula foi condenado —, de que o ex-presidente é mesmo inelegível.
É preciso pôr um fim a essa novela, ainda que se tenha percorrido até aqui todos os caminhos da heterodoxia, o que ainda cobrará seu preço num futuro mais distante. Vamos, de qualquer modo, resolver o que está num futuro mais próximo.
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