Ousadia máxima – Heron Cid
Opinião

Ousadia máxima

10 de setembro de 2018 às 07h25 Por Heron Cid
Porta de entrada do PB1; presídio de segurança máxima passa a ser o mínimo para o crime organizado no Estado

A invasão do Presídio PB1, em João Pessoa, é o apogeu da ousadia dos grupos organizados com atuação na Paraíba.

Ao que tudo indica, o grupo – fortemente armado – tinha uma meta: resgatar presos de uma gangue de assaltos e explosões a bancos.

Aquela em que um portentoso aparato policial prendeu, numa ação com tintas espetaculares, no município de Lucena, depois de quatro horas de intensa e tensa negociação.

Um mês depois, eles estão de volta às ruas.

De saldo, o resgate desse bando ainda deu fuga a 105 apenados, pelas contas da Administração Penitenciária.

Se a libertação de parte dos bandidos mais perigosos do Estado assusta, especialmente, a zona sul da Capital, acordada à base de tiros dos mais grossos calibres cruzando os céus da cidade, a esnobação dessa gente frente às forças de segurança estadual aterroriza.

O crime organizado perdeu todos os limites.

Fora, eles tocam o terror sitiando cidades, explodindo agências bancárias e deixando rastros de medo por onde passam.

Reclusos dentro do sistema prisional, provam que não há nada na Paraíba capaz de detê-los.

A fuga dessa madrugada – com cenas dignas de filmes policiais – é o retrato. Sem chance de reação.

Uma ação de duplo efeito: afeta o moral das forças de segurança e reforça o imaginário público da impotência do Estado frente a certos organizações marginais, dando a estes a sensação de poder ilimitado.

Depois da execução de um militar dentro do quartel, em João Pessoa, e a explosão do PB1, no intervalo de dez dias, a segurança pública estadual vai precisar se reinventar para recuperar credibilidade.

O cidadão, impotente, chega a rápida e triste conclusão.

Se é possível botar abaixo o que chamamos de perímetro de segurança máxima, não é exagero constatar: qualquer outro obstáculo é o mínimo para esse tipo de gente.

Antes, eles só explodiam bancos e o Governo se eximia de responsabilidade de segurança privada, como se a ação não fosse contra e não atingisse todos. Agora, eles mandam pelos ares o prédio público mais vigiado do Estado.

O que falta mais?

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