Mas não se pode esconder que autor do golpe agiu de acordo com as premissas do candidato agredido. Um dia antes, Bolsonaro havia dito num palanque no Acre que queria ter uma arma na mão para “metralhar os petralhas”, referindo-se obviamente aos candidatos, militantes e simpatizantes do PT.
Desde o começo da campanha, e mesmo antes dela, o candidato do PSL prega o uso da força para obter resultados que lhe pareça adequados. Defende a tortura como método de investigação policial e elogia torturador. E prega o uso de arma de maneira indiscriminada como forma de defesa pessoal.
Mesmo assim, é direito dele, cidadão, deputado e candidato a presidente da República, defender as teses que bem entender. Agredi-lo em razão de suas ideias é agredir a opinião, a liberdade de expressão, ambas defendidas pela Constituição.
Tão grave quanto o atentado podem ser seus possíveis desdobramentos. O medo agora é de possíveis reações dos seguidores de Bolsonaro que concordam com as teses do candidato. É importante que a polícia esclareça rápida e inequivocamente as razões que motivaram o agressor, se existe mais alguém por trás do ato.
De qualquer modo, a campanha mudou radicalmente desde a tarde de hoje. As imagens do atentado são fortíssimas. Jair Bolsonaro, inequivocamente, é a vítima e como vítima poderá se beneficiar politicamente do atentado. Vamos ouvir o que dirá quando sair do hospital.
Meu palpite é que vai pregar a paz.