A política brasileira está revolucionando o significado de civilização. No Brasil de hoje, civilização é um esforço político conjunto para estimular a sociedade a se destruir estupidamente. É contra esse pano de fundo que se insere a facadadesferida contra Jair Bolsonaro, quando o candidato era carregado por apoiadores nas ruas da cidade mineira de Juiz de Fora.
A novidade chega num instante em que Bolsonaro atravessa na campanha um momento paradoxal. Segundo o Ibope, o capitão tem 22% das intenções de voto. Está dez pontos à frente de Marina e Ciro, empatados em segundo. Mas Bolsonaro lidera também o ranking de rejeição, com 44%. Para cada adepto de Bolsonaro, há dois eleitores que declaram que jamais votariam nele.
A agressão a Bolsonaro, inadmissível num país que se pretende democrático, introduz numa eleição imprevisível uma dose extra de imprevisibilidade. A novidade pode aguçar o extremismo que marca a disputa. O que jogaria lenha numa fogueira em que arderia a polarização entre a vítima Bolsonaro e Haddad, o poste de Lula, autoproclamado ”perseguido político”. Outra possibilidade, mais benfazeja, seria a plateia enxergar no ataque a Bolsonaro uma evidência de que passou da hora de o país recuperar o bom-senso.
UOL
