Quem são, onde vivem? O famoso bordão do Globo Repórter se aplica bem à uma espécie rara no serviço público e que encontra habitat ideal em terras paraibanas, talvez sua origem natural: os codificados.
Essa é uma anomalia que se arrasta por anos no ecossistema da administração pública paraibana.
Ultrapassa governos e consegue se retroalimentar mesmo sendo sua existência uma aberração afrontosa ao princípio da impessoalidade e da transparência.
Os cerca de 15 mil codificados – o Governo sustenta que são 8 mil – nunca passaram por concurso público, recebem por CPF, sem vínculo direto com o Estado e não são amparados por qualquer direito.
A palavra que mais se aproxima deles é clandestinidade. Mas o custo é oficial e altíssimo: cerca de R$ 35 milhões mensais pagos pelo contribuinte paraibano, conforme as contas do TCE da Paraíba.
O mais excêntrico: entram e saem da folha do Estado por critérios que só Deus sabe, porque não há nenhuma regra, edital ou seleção de ingresso. O que deixa margem para todo tipo de manipulação, inclusive política, e fora do alcance da Lei.
O ‘codificado’ não é uma criação do laboratório do governador Ricardo Coutinho. Ele é uma evolução genética que atravessou as Eras José Maranhão e Cássio Cunha Lima.
Assombra que subsista, sem cataclismos, na contemporâneidade do atual governo e seu predatório discurso reformista e republicano. E sem riscos aparentes de extinção.