Três pesquisas e o mesmo resultado: Lula (PT), ex-presidente da República, na liderança e oscilando em crescimento. Foi o que mostraram as sondagens da MDA, Ibope e a última, do DataFolha. Em todas, o patamar de intenção de votos do petista fica entre 37% e 39%.
Uma marca que impressiona dadas as melindrosas circunstâncias políticas e jurídicas do ex-presidente da República. Não é comum, em lugar algum do mundo, um político encarcerado sob acusação de corrupção e desvio de recursos público manter desempenho popular desse nível.
Mesmo preso, Lula esbanja popularidade num segmento razoável da população brasileira. Algumas razões podem ajudar a explicar.
Carismático e líder de massas sem precedentes no País, Lula construiu ao longo de sua longeva trajetória política uma empatia e penetração no imaginário brasileiro, sobretudo, nas camadas sociais menos favorecidas e entre intelectuais e acadêmicos.
No Governo, investiu pesado nas políticas de inclusão e combate à pobreza, na educação, obras estruturantes e saúde pública. Criou para si o perfil de pai dos pobres e sua liderança superou as fronteiras brasileiras ganhando o mundo.
É um dos poucos políticos que domina um partido com real base social, entrelaçamento em organizações, sindicatos, e movimentos populares e sociais, uma teia que ajuda Lula a se manter vivo e de pé, mesmo diante de todas as descobertas da Operação Lava Jato e o descortinamento que deixou ele e o PT nús.
No processo do Petrolão e na Lava Jato, Lula e seu partido souberam construir, com nítida competência e visto sucesso, a retórica do vitimismo, da perseguição e do discurso de seletividade. Algo do tipo, nós erramos, mas os outros também erraram. A diferença é que erramos, mas fizemos muito, uma tônica bem ao estilo Maluf, com mais modernidade e sutileza.
Lula também é beneficiado pelo vazio político no auge da crise. Esse protagonismo das instituições no combate à corrupção não pariu nenhuma nova liderança à altura das necessidades do País e inspiração do momento. Em parte, Lula é escolha dos sem opção.
Por último, ainda que seja rejeitado por parcela majoritária da população, políticos como Lula têm uma sorte para se apegar: contam ao seu favor com o baixo padrão ético e pouca exigência cívica de um país habituado a escândalos e inclinado a relativizar os deslizes dos seus líderes. Os exemplos estão aí para mostrar em municípios e estados. Essa não é uma exclusividade do envolvente retirante pernambucano.
A resiliência de Lula, porém, além de virtude pessoal, é impactante. Para o bem ou para o mal.