O IBGE contabilizou 27,6 milhões de brasileiros cuja força de trabalho foi desprezada ou subutilizada no segundo trimestre deste ano eleitoral de 2018. O número inclui os que procuram emprego, os que se renderam ao desalento e os que trabalham menos do que gostariam. E a grande dúvida nacional é: com preso ou sem preso?
Entre o primeiro e o segundo trimestre, a quantidade de desempregados oscilou ligeiramente para baixo, estacionando em 12,9 milhões de pessoas. Mas antes que algum incauto soltasse fogos, o IBGE esclareceu que não há razão para celebrações. Deve-se a ligeira queda no índice de desempregados ao aumento da quantidade de “desalentados”.
Assim são catalogados os patrícios que já desistiram de procurar emprego. A legião dos desalentados soma 4,8 milhões de pessoas. Coisa jamais vista desde 2012, quando a estatística começou a ser feita. E as manchetes continuam roendo o seu dilema: pode um presidiário disputar a Presidência da República?
Bateu recorde também o número de infelizes que frequentam as filas de desempregados há mais de dois anos. Estão nessa situação 3,1 milhões de brasileiros. Se nada for feito, logo estarão alistados no exército dos que jogaram a toalha. E a Justiça Eleitoral busca uma resposta: por quanto tempo um corrupto de segunda instância pode se fingir de presidenciável?
Há ainda 6,5 milhões de desafortunados cuja renda é insuficiente para encher a geladeira e, por isso, pegam em lanças por algumas horas adicionais de trabalho. E o mundo da política hipnotizado pela grande dúvida nacional: afinal, a sucessão de 2018 será com presidiário ou sem presidiário.
Certas dúvidas definem o nível civilizatório de uma sociedade. Num país empregocida, quando a definição de uma disputa presidencial passa pela cadeia, o único empreendimento que prospera é a indústria da decadência. Está demonstrado: no Brasil, o fundo do poço é apenas mais uma escala rumo às profundezas. Resta saber até que ponto o brasileiro está disposto a cavar.
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