As escolas induzem as criancinhas ao homossexualismo. Os portugueses não pisavam na África no tempo da escravidão. A urna eletrônica é mais suscetível a fraudes do que o voto impresso. Não houve golpe militar no Brasil em 1964.
O deputado Jair Bolsonaro despejou seu repertório de mistificações no “Roda Viva” de segunda-feira. Muito do que ele disse não resiste a uma checagem básica, mas seu eleitorado parece não se importar. O programa registrou, de longe, a maior audiência da série com os presidenciáveis.
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Bolsonaro não tenta desviar do estereótipo do milico brucutu. Ao contrário: seu discurso é claramente treinado para reforçá-lo. A principal arma do capitão é a polêmica. Quanto mais barulho, melhor. Foi assim que ele chegou à liderança das pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Lula.
O candidato captou o espírito das redes sociais. Declarações bombásticas geram mais curtidas que argumentos. Radicalizar nos temas morais é mais atraente que formular programas de governo. Quando o eleitor está furioso, quem fala mais alto tende a vencer a disputa por atenção. Foi a receita da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
A chave do sucesso é se descolar dos outros políticos. O deputado está no sétimo mandato consecutivo em Brasília, mas tem conseguido emplacar a imagem de que é diferente de tudo o que está aí. Não foi à toa que ele chegou a se dizer “meio maluco” durante a entrevista.
No centro da roda, Bolsonaro jogou em casa ao discursar contra defensores de direitos humanos, sem-terra, quilombolas e outras minorias. Ficou menos à vontade ao ser cobrado a apresentar propostas concretas para temas como saúde e economia.
Num de seus piores momentos, embananou-se quando a jornalista Maria Cristina Fernandes quis saber o que ele faria para reduzir a mortalidade infantil. A resposta mostrou que o preparo do capitão está muito aquém da sua capacidade de gerar memes. Os rivais devem pensar nisso se quiserem desconstruí-lo.